Ser águia ou galinha, eis a questão
Identificamos-nos
com Paulo Freire quando afirmamos que a educação pode ser conservadora ou
revolucionária a depender do professor, o instrumento executor da mudança ou da
manutenção da realidade.
Também
nos identificamos com o texto “Águia ou Galinha” de Leonardo Boff. E é sobre a
utilização desse texto por parte dos professores que iremos colocar nossa
opinião.
Aos
nossos olhos, a maioria dos professores que gostam desse texto, acham bonito,
porém, deixam transparecer que não compreendem a mensagem, pois não colocam em
prática as lições nele contidas.
A
águia e a galinha são duas aves semelhantes, mas com uma diferença que é
bastante significativa ao ponto de servir de exemplo para o comportamento
humano.
Ambas,
como todas as aves, possuem asas, porém, a galinha não voa, assim, permanece
eternamente no solo, enquanto a águia voa, simbolizando a liberdade e a vontade
de vencer, de conquistar o universo.
Os
seres humanos, em analogia, podem ser vistos como águia ou galinha. A maioria
aceita a sua pequenez com uma facilidade espantosa. Poucos se comportam como
Águia.
Mas
isto não é obra da natureza, nem do
destino, e sim, de uma formação. Os poderosos, os opressores promovem e
alimentam a criação de galinhas através da educação.
“A
educação não é neutra, ela tem ideologia”. Repetia sempre o saudoso mestre
Paulo Freire.
E
o professor, o agente capaz de mudar o destino dos seus alunos, consciente ou
inconscientemente, na imensa maioria, se alia aos poderosos e opressores, na
criação de galinhas.
A
maioria dos professores ao se considerarem um profissional como outro qualquer
estão esquecendo do seu papel de construtores de cidadãos, se comportando como
meros repassadores de conhecimentos, muitos se orgulham por cumprirem horários
e grades curriculares, deixando de ser sujeitos da história satisfazendo-se em
ser apenas espectadores e meros contadores de história.
As
greves da categoria têm como razão principal, quando não única, o aumento
salarial. A qualidade de ensino e a formação da cidadania são citadas apenas
para enfeitar a pauta de reivindicações.
Enquanto
a pedagogia for vista como uma profissão, veremos multidões se inscrevendo em
concursos para professores, tendo em vista um emprego e um salário, e nunca uma
missão de construir um mundo novo, onde o ser humano seja capaz de entender o
seu papel na sociedade e ser o agente do seu próprio destino.
As
eleições são momentos que deveriam nos fazer refletir sobre o nosso papel na
sociedade. É triste ver professores reforçando as práticas antidemocráticas, ao
votar e apoiar candidatos e patrocinadores dos criadores de galinhas.
Ao
defender e atuar na criação de águias,
mesmo fazendo parte da minoria, sentimo-nos felizes e orgulhosos ao ver o vôo
de uma nova águia. Podemos ser sonhadores, mas nos sentimos realizados em
cumprir a nossa missão. Morreremos acreditando que uma nova Barcelona é
possível.
“Mudar
é difícil, mas é possível” (Paulo Freire).
O
Brasil já mudou!
Isabel
Cristina Rocha Barreto
Carlos
Barba dos Santos.
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